União dos Sindicatos de Setúbal

1º de Maio em Setúbal

No ano em que se comemoram os 50 anos da Revolução do 25 de Abril, neste 1º de Maio, 50 anos após o grandioso primeiro de Maio de 1974 que impulsionou com a força dos trabalhadores a Revolução de Abril e as suas conquistas, a acção e intervenção dos trabalhadores é decisiva na defesa e afirmação dos valores de Abril e na sua projecção para o futuro.

Hoje, 138 anos volvidos sobre os massacres de Chicago, saudamos os milhões de trabalhadores que, por todo o mundo, lutam e saem à rua, resistem e exigem melhores condições de vida e de trabalho.

Saudamos os milhares de trabalhadores que em Portugal fazem ouvir a sua voz e as suas reivindicações, que estão nesta Manifestação e nas outras 33 iniciativas que a CGTP-IN realiza por todo o País, muitos dos quais exercendo o direito de greve.

A difícil situação dos trabalhadores e dos reformados exige uma política que responda aos problemas e que promova e garanta o aumento geral e significativo dos salários e a subida das pensões, o trabalho com direitos e o fim da precariedade, a redução do horário de trabalho e a sua regulação, o direito de contratação colectiva e da actividade sindical, mais e melhores serviços públicos.
Portugal continua marcado pela exploração, por profundas desigualdades e graves desequilíbrios na distribuição da riqueza, onde aqueles que a produzem – os trabalhadores, continuam a ver o resultado do seu trabalho a ser canalizado para o escandaloso aumento dos lucros do capital.

O patronato, ancorado na política do governo da AD (com o PSD e o CDS integrados numa maioria com a IL e o Chega), apoiado no crescimento das forças mais reaccionárias e de extrema-direita com o seu conteúdo anti democrático e no aprofundamento da política de direita levada a cabo por sucessivos governos, procurará manter e aprofundar os baixos salários, a precariedade, os horários longos e desregulados, o desrespeito pelas carreiras e profissões, a estagnação e desvalorização salarial, o bloqueio da negociação e contratação colectiva, o ataque aos serviços públicos e funções sociais do Estado.

O Programa do Governo, por aquilo que afirma mas também pelas matérias que não aborda, é claro na opção de aprofundar a política de direita. Da economia à fiscalidade, do trabalho e emprego à protecção social, da saúde e educação aos serviços públicos em geral – o que encontramos na generalidade das medidas apontadas é a promoção do sector privado e a protecção dos interesses das grandes empresas, colocados sempre à frente dos interesses e das necessidades dos trabalhadores, do povo e do país. O que não encontramos neste Programa de Governo é qualquer referência à centralidade do trabalho e à valorização dos trabalhadores como elementos determinantes para assegurar o desenvolvimento económico e social do país, promover uma justa distribuição da riqueza e combater as desigualdades.

De facto, o que o Programa propõe é o aprofundamento do actual modelo de baixos salários, precariedade laboral e social, despedimentos facilitados e a baixo custo, horários de trabalho longos e desregulados e más condições de trabalho, num claro retrocesso dos direitos laborais e sociais e agravamento da exploração laboral.
Apesar das dificuldades e imensos desafios, os trabalhadores sabem que não há inevitabilidades. Sabem que a sua mobilização, intervenção e luta será determinante para a mudança de rumo tão necessária para o País.

O que os trabalhadores e o País precisam é de uma política alternativa, assente nos valores de Abril e no cumprimento da Constituição da República Portuguesa, que distribua a riqueza de forma justa, que respeite e valorize o trabalho e os trabalhadores, que promova o aumento da produção nacional, que recupere para o Estado as empresas e sectores estratégicos, que defenda e invista nos serviços públicos e nas funções sociais do Estado e que avance com a regionalização.

A luta desenvolvida, que tem permitido aumentar salários, defender e conquistar direitos, reduzir horários e rejeitar adaptabilidades e bancos de horas, combater a precariedade e garantir a aplicação de direitos consagrados na contratação colectiva, é o caminho que temos de continuar a percorrer e intensificar todos os dias.

O aumento geral e significativo dos salários é determinante para uma estratégia de desenvolvimento, a melhoria das condições de vida, o combate à pobreza, melhores pensões de reforma no futuro, o estímulo à actividade económica e à produção nacional, o reforço da segurança social e do investimento nos serviços públicos.

Vamos, pois, intensificar o esclarecimento, a mobilização e a luta. Os trabalhadores têm direito a viver melhor!
Vamos, a partir deste grandioso 1º de Maio, lutar com mais determinação contra as injustiças e as desigualdades, pelos valores de Abril e por um Portugal desenvolvido, justo, solidário e com futuro.
Vamos à luta, pelas reivindicações dos trabalhadores, nomeadamente:

O aumento geral e significativo dos salários para todos os trabalhadores, em pelo menos 15% com um mínimo de 150€, a valorização das carreiras e profissões, e o aumento do salário mínimo para 1000€;

A reposição do direito de contratação colectiva, com a revogação da caducidade bem como das restantes normas gravosas da legislação laboral, e a reintrodução plena do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador;
A redução do horário para as 35 horas de trabalho semanal para todos, sem redução de salário, contra a desregulação dos horários, adaptabilidades, bancos de horas e todas as tentativas de generalizar a laboração contínua e o trabalho por turnos;
O combate à precariedade nos sectores privado e público, garantindo que a um posto de trabalho permanente corresponda um contrato de trabalho efectivo;
O aumento das pensões de reforma, de forma a repor e melhorar o poder de compra dos reformados e pensionistas;
O reforço do investimento nos serviços públicos, nas funções sociais do Estado e na valorização dos trabalhadores da administração pública, para assegurar melhores serviços às populações.

Neste 1º de Maio, os trabalhadores afirmam a intensificação da acção e da luta reivindicativa nos locais de trabalho, empresas e serviços. Rejeitam a política de agravamento da exploração e empobrecimento enquanto o grande capital acumula milhões de euros em lucros, benefícios e isenções fiscais, e assumem o compromisso de continuar a fazer convergir a luta para exigir a valorização do trabalho e dos trabalhadores e respostas aos problemas do povo e do País, por um mundo de paz e progresso social.

Viva o 1º de Maio!
Viva a luta dos trabalhadores!
Viva a CGTP-IN!


… Resolução aprovada no dia 1 de Maio de 2024

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Programa para o dia 1 de Maio