Enfermeiros exaustos cumprem 12 e 14 horas de trabalho diário, muitas vezes sem pausas para almoçar e até para ir à casa de banho.
Desde o início da pandemia muito tem sido exigido e imposto aos profissionais essenciais e, em particular aos enfermeiros. Nomeadamente o impedimento de gozo de férias e trabalho extraordinário sem limites, em qualquer instituição do SNS.
A vacinação veio exigir ainda mais dos enfermeiros, sem que houvesse a necessária e urgente contratação. A atividade assistencial dos Cuidados de Saúde Primários está, há vários meses, comprometida e agora agravada com o aumento do ritmo de vacinação.
Esta semana foram informados, com antecedência de um dia, que o horário iria ser alargado das 8 até às 22 horas e que iriam passar a trabalhar também ao domingo. Os enfermeiros consideram este acréscimo de trabalho, sem reforço das equipas, como um desrespeito pelo empenho que têm tido, mas também alertam para o facto de estarem no limiar da sua capacidade de respostas e à beira da exaustão.
Os recentes relatos nos Centros de Vacinação tornam clara a desorganização no agendamento da vacinação, há muito denunciada por estes profissionais às entidades competentes. Esta metodologia está a provocar sobrelotação, filas de espera, impaciência e atritos nos utentes, tendo sido necessário solicitar a intervenção das forças de segurança para proteger os profissionais, como já foi inclusivamente noticiado.
Consideramos inadmissível e desumano trabalhar nestas condições!
Entretanto, apesar dos reconhecidos resultados a nível europeu e do discurso de valorização, este Governo mantém as palavras ocas e ausência de resolução dos problemas dos enfermeiros. Impõe trabalho extraordinário que não paga ou tarda em pagar, incumpre na aplicação dos acréscimos devidos no período do estado de emergência e ainda, intoleravelmente, mantém milhares de enfermeiros, com mais de 20 anos de trabalho, sem progressão e a ganhar o mesmo vencimento que um recém-licenciado.
É urgente e possível implementar medidas que melhorem as condições de vacinação no SNS e mantenham os resultados positivos obtidos até agora, nomeadamente através da admissão de profissionais de enfermagem.
Caso esta situação se mantenha, os enfermeiros não poderão manter o nível de vacinação até aqui conseguido e responsabilizam o Governo pelas consequências que daí decorram.
U.S.Setúbal
09.07.2021